Tragédia no Mar
Ação indenizatória promovida contra CVC em razão do naufrágio do barco Tona Gálea, ocorrido em 19/04/2003 em Cabo Frio-RJ, que vitimou fatalmente 16 passageiros. O drama das vítimas do naufrágio em Cabo Frio, como Eduardo Guerrato, que perdeu a avó, mas tirou a mãe do mar, Juliana da Silva, salva por se apoiar no corpo da amiga, e Luiz Dutra, que teve de escolher quem da família resgataria.

 

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CORRETORA MORTA NO ACIDENTE TEMIA A ÁGUA

“Ela adorava viajar”.

Maria Cristina estava na fila para embarcar na escuna Tona Galea, em Cabo Frio (RJ), mas desistiu poucos minutos antes. Preferiu ficar na praia e comunicou a decisão à amiga Célia Regina Ferraz de Souza, que subiu na embarcação e retornou sem vida do passeio. Maria e Célia estavam no Rio desde a sexta-feira 18. Vindas de São Paulo, hospedaram-se no Hotel Glória, o mesmo que, uma semana antes, fora metralhado por traficantes. Casado com Ana Lúcia, uma irmã de Célia, o médico Pedro Awada brincou quando soube da viagem da cunhada: “Fica no quarto do fundo do Glória porque no da frente você leva chumbo!”.

Célia escapou da violência da cidade grande, mas não da fatalidade. “Avião cai, carro bate, barco afunda. Estamos conformados”, diz o médico Awada. “Ficamos tristes e chocados. A impressão é que ela vai bater na porta e dizer ‘oi, cheguei’.” Célia, 49, era pedagoga, trabalhava como gerente de uma imobiliária havia 15 anos e morava sozinha – perdera o pai e a mãe entre 1999 e 2000. Solteira e sem filhos, sua rotina era trabalhar e viajar com um grupo de quatro amigas. Dois meses após o atentado de 11 de setembro, inclusive, foi para Nova York. “Não sei como ela estava naquele barco. Ela fazia hidroginástica, sabia boiar, mas tinha medo de água”, diz seu cunhado. “Mas Célia dizia que, se pudesse escolher, morreria feliz viajando.”
(Rodrigo Cardoso).